Uma vez me disseram que em passado não se mexe, remexe ou
cutuca. Que passado tem que ficar, literalmente, no passado para que possa existir,
de fato, um presente. Eu concordo. Mas vez em quando eu gosto de visitar
algumas partes do meu passado, mesmo que rapidamente, só para que eu lembre de
algumas lições, sensações, momentos, pessoas. Mas calma, eu disse algumas
partes, pois entendo perfeitamente que há coisas que não merecem minha visita. Mas
voltando a parte que interessa, hoje eu resolvi visitar uma pessoa em especial.
O meu ex-amor. E resolvi deixa-lo uma
carta,com o seguinte conteúdo:
“Querido ex-amor, primeiramente quero pedi-lo para ler esta
carta ouvindo “Quando bate aquela saudade” de Rubel, pois estou ouvindo-a agora
e sei que ela te fará entender melhor cada palavra escrita aqui. Sabe como é,
tenho minhas manias meio loucas.
(Imagem da internet)
Mas então... Como
está? Espero que bem. Ainda com aquela alergia terrível? Espero também que não ande
esquecendo de tomar o remédio no horário certo, pois lembro-me bem do quanto
fica péssimo sem ele. Não esqueço também do quanto sempre gostei de cuidar de
você, de me preocupar. Se você não estava bem, não importava o motivo, eu sempre
fazia de tudo para te ajudar, porque, de verdade, te ver mal era a mesma coisa
que pegar meu coração e espremer com a mão sem dó nem piedade. Mas como você
mesmo sempre fazia questão de lembrar, “passa”.
E nosso amor foi construído em meio aos “passa’s” da vida. A
briga passava. A mágoa passava. A palavra mal dita passava. O ciúme passava. E
a gente acabou passando também. Acabamos deixando o amor passar de intenso para
tenso. Tudo virou tensão. Nossos encontros não conseguiam mais transmitir
tranquilidade. Algo acontecia. Algo nos atormentava. Não estávamos mais tão
dispostos um ao lado do outro. E o que parecia ser inteiro e para toda vida,
passou a ser metade e apenas parte de nossas vidas. Mas a gente soube lidar bem
com o fim, não é? Soubemos assumir que se continuássemos o desfecho seria o
mais terrível possível.
E acabamos. Soltamos as mãos e seguramos as lembranças. As
boas lembranças-que não são poucas-. Lembro-me
que preferimos não manter contato por um bom tempo, precisávamos nos afastar
para o sentimento adormecer e parar de machucar. Aliás, quero que você saiba
que ainda assim machucou. Mas passou.
Apenas a dor, porque o amor foi transformado em lembrança boa, daquele tipo que
a gente ganha de presente e coloca em uma caixinha toda enfeitada escrita “para
nunca jogar fora”. Pois é... Você está nessa caixinha. Nós estamos. Espero que
você também tenha alguma parecida, na qual nos guarde com muito carinho.
Eu sinto saudades, tá? Uma saudade de algo bom que vivi, mas
que sei que não dá para viver novamente. Não da mesma forma e com a mesma pessoa
(no caso, você). Porque sabemos que
nosso momento passou. Nós não fomos feitos para dar certo juntos. E tiramos
muitas vezes a prova real disso. Mas não importa. Eu estou tranquila e espero
que você também, pois nós cumprimos a missão que tínhamos na vida um do outro. Marcamos-nos.
Deixamos marcas para nada nem ninguém apagar.
Teremos outras pessoas. Entregaremos-nos a outros amores
pela vida. Viveremos a flor da pele outras sensações. Mas nós sempre seremos nós. Nossa química
sempre será a NOSSA. Nós, na gramatica, é plural. Mas nós, em nossa história,
sempre será singular. Uma singularidade de um amor que ficou no passado mas que
soube se transformar para nos acompanhar, da forma mais calma e inofensiva possível,
para sempre.
E eu, querido ex-amor, encerro minhas palavras por aqui.
Espero que algum dia consiga achar essa carta perdida em algum lugar e a leia,
e ao final, junto com a música que te falei no início e com um misto de emoções
você suspire e repita: “para sempre, minha morena”.
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