Quando tudo acabou e você
resolveu ir, eu achei que meu mundo tinha se findado ali. Achei que era o fim
da linha e eu não conseguiria nunca mais me reerguer. Por dias eu não tive
vontade nenhuma de, sequer, levantar da cama. Ver você abandonar o nosso barco
e me sentir cada vez mais submersa nas águas do sofrimento sem saber, de forma
alguma, nadar, foi uma das piores sensações que eu já vivi nessa vida. Imaginar-me
sozinha já não fazia mais parte dos meus planos.
(Imagem da internet)
Não sei bem como tudo isso
aconteceu, mas cometi o maior erro que alguém pode cometer quando se está vivendo
uma relação: tornar-se dependente do outro. Entregar nas mãos da outra pessoa a
–terrível- missão de nos fazer feliz. E foi o que eu fiz. De uma forma cruel,
dei a você a missão e responsabilidade de me fazer feliz. De me completar. E
quando você já não mais estava presente em minha vida, não ficou somente o
vazio da perda de um grande amor. Ficou o vazio de alguém que não se conhecia
mais sozinha. Que não sabia mais o que era o amor próprio, não fazia ideia mais
do que era o “eu”, pois tinha feito do “nós” a única possibilidade de
existência.
Muitas vezes, a dor de permanecer
onde e como está é muito pior do que aceitar que algo precisa ser feito e uma
mudança precisa acontecer. Por isso, apesar do tempo que levou, e do quanto foi
doído e devastador, eu consegui superar. Consegui me encontrar depois de tanto
ter me perdido nessa cilada sentimental. Pude, finalmente, sentir os ventos
soprarem ao meu favor e sentir o sol entrando pela janela da minha vida e tudo se
tornando iluminado novamente. Depois de muito padecer, pude me dar conta que a
gente não morre porque relacionamentos acabam. Mas a falta do amor próprio nos
consome e nos corrói dia após dia e essa ausência, sim, pode matar nosso íntimo
e dilacerar nossa alma.
(Imagem da internet)
Pessoas entram e saem da nossa
vida com muita frequência. Mas nós ficamos. Nós ainda nos encontraremos em muitas
situações nas quais somente a nossa própria companhia será possível. E é aí que
as coisas não podem tornar-se um fardo, angustiante ou agoniante. É aí que a
gente tem que se dar conta de que, mesmo amando, envolvendo-se, relacionando-se
e construindo uma história com outra pessoa, a nossa individualidade precisa
ser mantida. A responsabilidade do nosso bem estar íntimo é nossa e somente. Se
alguém entrar em nossa vida que seja para acrescentar, complementar, nos fazer
transbordar. Mas que se, por eventualidade do destino, resolver partir, que
fique a dor da perda de alguém que um dia amamos e não a dor da ausência de nós
mesmos.
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